20100515

12 maio 2010

durante todo o dia quero escrever mas os solavancos não permitem. Chego à noite e estou exausta – só de imaginar escrever fico cansada.
13 de maio - dia da nossa senhora de fatima e do papa em lisboa (como se isso fosse importante - ribeiro, diz a maria para atirar o molde de sapatos ao papa movel e outra coisa igualmente pesada a multidao de anarco-comunistas hipocritas) uf, que fuerte.








Distância que se mede em horas, dizem eles. Estou há dois meses no Zimbabwe e aprendi que nao vale a pena falar em quilómetros
ou milhas –
que isso foi uma coisa que os brancos inventaram para medir uma coisa que efectivamente é subjectiva. Distância mede-se em km quando se pode calcular o
tempo que se demora a percorrer
um certo determinado numero de quilometros a uma velocidade constante. Ora hoje disse ao Mandla que se visse um bebé a voar na parte de tras do land cruiser,
que era para ir mais devagar.,
mas se vai mais devagar, os 60 km que separam Sikente de Tsholotsho demora uma hora e meia em vez de uma hora. Do I make myself clear?
Há várias coisas que me passam pela cabeça
enquando ando a saltar de um lado para o outro com a equipa médica.
A maior parte delas esqueço-me
quando chego a casa, as variações de comida no estômago têm um efeito amnésico na minha capacidade narrativa e apenas fico com boas memorias de pensamentos olvidados.
A vida aqui é simples,
sempre uma noite tranquila,
a não ser que haja linhas trocadas na rede de telecomunicações móveis nacional e decidam ligar às quatro da manhã para falar uma lingual estranha
e eu ainda tenha o discernimento para dizer sorry wrong number em ingles e tudo.
Acorda-se
com o despertador ou então com os burros –
já que me parece que os galos andam com os sonos trocados – e a primeira coisa que se faz é
café.
Uma das vantagens dos catalães é que gostam tanto ou mais de café que os portugueses, e se não há café no período de meia hora entre acordar e meter um pedaço de pão na boca a coisa está preta.
Torradas, quando não há pão há
panquecas –
quando não há ovos
azar,
come-se manteiga de amendoim com os dedos. Mas está bien, que o queniano da logística também não se queixa muito, diz que quando era puto caminhava 10 km ate a escola e a hora de almoco
ia a casa.
Às vezes caminhamos para o trabalho, às vezes não. São quinze minutos mais na cama,
a beberricar café, a ver as notícias da sky news que são irritantes comá merda mais os ingleses cheios de preocupações com eleições, vulcões e mais a pita de Yorkshire que decidiu recusar usar a burka numa mesquita e foi apedrejada.
Bom, talvez não tenha sido apedrejada, mas que era bem feito acho que sim, que quando me recusava a celebrar o st patrick’s day também me chamavam ignobil e coisas assim.

Lembrei-me de uma coisa
de ontem,
que fomos à clínica mais longe de todas, que se chama Sodaka. Lembro-me de pensar que todas as pessoas valem a pena e que não sei quem se lembrou uma vez de achar que valemos pelo sítio de onde somos.
Lembro-me das crianças a correr e a gritar
bye bye kiwa!
E a desaparecerem numa nuvem de pó atrás de nós. E de pensar que nunca as levaria dali, nunca, nunca pensaria que o sítio de onde venho é melhor do que o sítio onde estou agora. É mais meu. Tal como este sítio de aqui é mais de todas as pessoas que aqui estão.

É só uma pena que queiramos que todos sejam como nós.
Chama-se supremacia de culturas.


eu nao me sinto suprema em nada. apenas melhor, porque agora se quero pao faco, se nao ha nao tenho, se quero ir
vou.

as coisas que se aprendem

1 comment:

ileso said...
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