lisboa, dez da manhã de dia útil de nariz eriçado à porta das casa das paragens de autocarros e nas rotundas dantescas as pessoas deambulam gélidas como que se inequívoco fosse o amanhã ser igual ao hoje e ao demais que decorre
fascinante esta inércia que faz com que o resto do mundo chegue aqui desigual tinta da china sobre cera nos desenhos do jardim de infância não se reconhece o ar que ficou imbuído de densitude leve os minutos são mais longos provavelmente porque o sol se esconde uma hora depois do habitual , claro. horas de sol . a força do hábiro.
pinto um polegar de encarnado como se de talismã se tratasse enrolo o cachecol ao pescoço e subo a rua do elevador às vezes tento entender
o que se passa aqui e a única conclusão a que chego é a de que só consigo ser contemplativa, mais nada o criticismo voltou-se para o outro lado
abanam os ramos despidos um frémito abandonado em prédios e jardins e a boca das pessoas que custa a sorrir custa , não sorrimos muito, desiludam-se os optimistas.
é surreal penduraram-nos ao pescoço uma medalha de participação , a coroa de mérito da tentativa, os louros da meia viagem e caminhamos indiferentes por fora, em ebulição por dentro.
a querer atravessar o muro num sono surrealista preso ao quente da cama entre paredes brancas de friso amarelo e azulejos centenários
dezembro, dez e quinze em lisboa, a cidade da luz às vezes cinza preguiçosa e pecadora, paradoxalmente apaixonante . o café nicola, o cigarro
saudades , engrenagem desta terra que suspira por um messias, sem saber que ele já cá está
mas ficou esquecido nas mãos de um velho que ganhou pânico ao mar e pavor de ir em
frente
doze do doze de dois mil e oito que está quase a acabar
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