20070913

7.

um irmão que nunca chegou a nascer traz a memória do útero, o desejo visceral dos braços de uma mulher que chora ao nosso colo, estendemos um braço e tal reflexo, agarramos os dedos, o frio, o acrílico fluorescente. e depois ruído, ruído, dança no meio do chão quase molhado, rodas a rodar no chão, passos. e depois silêncio. como no útero, as saudades apertam, e o olhar embevecido da mulher passa por mim trepidante, delicioso fatalismo este de nascer. Nascer de mãos dadas e depois largar as mãos e respirar fundo, de joelhos no chão a prender o mundo com os olhos, a experimentar truques de magia ,
o cheiro da casa cheia,
da casa vazia ... dos dias brancos que ressoam ao virar do mapa de estradas. mil anos passaram desde que encontrou uma alma assim tão cheia e sem espaços para com ela preencher e então bebe-se mais um café. fuma-se mais um cigarro, na ausência de mesas e cadeiras senta-se no chão molhado à espera que o sol nasça, relógios a escorrer , mulheres a chorar e plasticina misturada em cima de um jornal de há dois dias.
qual é a etimologia do verbo amar ?

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